Resumo
A prescrição off-label de medicamentos é não só uma prática comum e amplamente aceite, como também incontornável nos sistemas de saúde modernos. Perante a ausência de terapia eficaz, o médico não pode ficar sujeito ao tempo necessário para que todo o processo de aprovação de um determinado uso para um determinado medicamento se desenvolva. No entanto, apesar de se mostrar urgente, ainda não existe uma regulamentação desse tipo de receita médica em Portugal (ou mesmo na Europa). Como uma prerrogativa do médico, a liberdade terapêutica deve garantir o respeito pelo paciente, razão pela qual deve ser plenamente informado. É imperativo que o paciente conheça aquela terapia particular, os seus potenciais riscos e benefícios e as razões que levaram o médico a prescrever off-label. Todas as informações devem, por isso, ser claramente anotadas nos registos clínicos do paciente de modo garantir uma efetiva proteção tanto para o paciente como para o médico. Embora não exista, ainda, consenso quanto à prescrição off-label, em 2014 a Direção Geral de Saúde portuguesa emitiu uma norma que recomenda a obtenção do consentimento informado, sob a forma escrita, para os casos de uso off-label de medicamentos. O problema reside na seguinte questão: como ajustar essa recomendação com a crescente informatização dos registros clínicos e com mecanismos como a Plataforma de Dados de Saúde Português? Na verdade, este é um problema comum. Recentemente, a FDA (Food and Drug Administration, EUA) publicou um projeto que fornece, precisamente, recomendações sobre procedimentos utilizando um consentimento informado eletrónico.Referências
Zimney, E. Is Your Prescription Off-Label?, Dr. Z’s Medical Report – HealthTalk Disponível em: http://blog.healthtalk.com/zimney/is-your-prescription-off-label/. Acesso em 7 jul 2016
Dresser, R; Frader, J, Off-label Prescribing: A Call for Heightened Professional and Government Oversight, The Journal of Law, Medicine & Ethics, 37 (3): 476-496. 2009
Riley, JB., Basilius, P. A, Physicians’ liability for off-label prescriptions, Hematology & Oncology News & Issues, may/june 2007. Disponivel em: www.honionline.com. Acesso em 7 jul 2016.
Andrade, MC, anotação ao artigo 150.º, Comentário Conimbricense do Código Penal, 2.ª Ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2012
Mehlman, MJ., Off-Label Prescribing. Disponível em: http://www.thedoctorwillseeyounow.com/content/bioethics/art1971.html. Acesso em 7 jul 2016
Van Den Brink, H; Cheron, C, Les médicaments pédiatriques, un règlement européen incitatif et sécurisant, Revue Générale de Droit Médical, nº 25, Les Études Hospitalières Éditions, 2007
Di Paolo, E., et al., “Unlicensed and off-label drug use in a Swiss paediatric university hospital”, Swiss Medical Weekly, n.º 136, 2006
Rebecq, G, La prescription médical, Aix-en-Provence: Presses Universitaires d'Aix-Marseille, 1998
Costa, JF, Em redor da noção de acto médico Revista de Legislação e Jurisprudência, Ano 138.º, n.º 3954, Janeiro-Fevereiro de 2009
Oliveira, G; Pereira, AD, Consentimento Informado – Relatório Final, Entidade Reguladora da Saúde, 2009. Disponível em www.ers.pt.Acesso em 7 jul 2016
Rodrigues, JV, O consentimento informado para o acto médico no ordenamento jurídico português, Centro de Direito Biomédico, Coimbra, Coimbra Editora, 2001
Oliveira, G, Estrutura Jurídica do Acto Médico. In Temas de Direito da Medicina, Centro de Direito Biomédico, Coimbra Editora, Coimbra,.2012
Canotilho, J. Gomes e Moreira, V, Constituição da República Portuguesa Anotada, 3.ª edição, Coimbra, 1993.
Romeo-Casabona, C. Anonymization and Pseudonymisation: the legal Framework at a european level. In Beyleveld ; Townend ;S. Rouillé-Mirza ; Wright J. (edit). The data protection directive and medical reserach across europe, Ashgate, England, 2004.
Pinto, PM. A protecção da vida privada e a Constituição. In Boletim da Faculdade de Direito, v. LXXVI, 200º.
,Oliveira, G. O fim da ‘arte silenciosa. In Temas de Direito da Medicina, Coimbra Editora, 2005.
Ferreira, Ana; Correia, et alli, Why facilitate patient Access to medical records, Disponível em www.cintesis.med.up.Acesso em 7 jul 2016
Beauchamp TL.; Childress, JF. Principles of Biomedical Ethics, 5th ed Oxford University Press. 2001
Melonas, J., Preventing and Reducing Professional Liability Risk Related to Psychopharmacology. Disponivel em http://www.psychiatrictimes.com/showArticle.jhtml?articleId=175803689. Acesso em 7 jul 2016
Molyneaux, CG ; Bogaert, P, The need for informed consent in off-label use in the EU – legal analysis. Disponível em: www.regulatoryaffairspharma.com. Acesso em 7 jul 2016
Lenk, C; Duttge, G Ethical and legal framework and regulation for off-label use: European perspective. Therapeutics and Clinical Risk Management, v 10, 2014
Stemp, MW., Informed consent: How technology can improve the process, Dermatology World, oct, 2014.
Autores(as) e coautores(as) retêm os direitos de copyright, mas cedem o direito à primeira publicação a Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário (CIADS).
CIADS adota a CC Attribution 4.0 International (CC BY 4.0) desde janeiro de 2023. Com essa licença, é permitido compartilhar e adaptar o material, conferindo os devidos créditos de autoria e menção ao Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário. Até 2022, a licença era Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International.