Resumo
Objetivo: identificar possíveis alterações da tomada de decisão médica para esvaziamento uterino pós-aborto de primeiro trimestre no cenário da COVID-19 em dois hospitais públicos do Distrito Federal. Metodologia: abordagem qualitativa, que usou dois procedimentos metodológicos – documental e entrevistas –, cuja coleta de dados ocorreu entre maio e junho de 2022. No hospital A, coletou-se, em 25 registros consecutivos do livro do centro cirúrgico, a técnica de esvaziamento uterino pós-aborto prevalecente em 2020. No hospital B, coletou-se o mesmo dado em 48 prontuários clínicos, 23 de 2019 e 25 de 2020. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com onze profissionais de saúde: três médicos, quatro enfermeiros e quatro técnicos de enfermagem, lotados na obstetrícia/centro cirúrgico de cada hospital. Resultados: ambos os hospitais, no recorte temporal do estudo de 2019 a 2020, dispuseram de insumos para a eleição por quaisquer das técnicas de esvaziamento uterino. No hospital A, em 2020, a tomada de decisão médica foi 100% pela aspiração manual intrauterina. Em 2019, no hospital B, a eleição foi 100% pela dilatação e curetagem; em 2020, período da COVID-19, apesar da dilatação e curetagem manter-se prioritária em 78% dos casos, notabilizou redução em relação a 2019. Evidenciou-se, ainda, no hospital B um maior quantitativo de atendimentos e internações de mulheres em processo de pós-aborto, se comparado com o período anterior à COVID-19. Conclusão: o fator determinante para a tomada de decisão médica em ambos os hospitais é a aptidão técnica do médico para a abordagem eleita.
Submissão: 01/05/23|Revisão: 10/11/23|Aprovação: 15/11/23
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