Epidemias e os avisos surdos da história

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17566/ciads.v10i2.778

Palavras-chave:

Epidemias, Peritos urbanos, Higiene social e moral, Lisboa e Porto oitocentistas

Resumo

Neste artigo, analisamos o impacto das epidemias em duas cidades portuguesas – a capital, Lisboa, e a cidade do Porto, nodo de uma rede comercial intensa, de meados do século XIX até ao final da primeira década do século XX. Sendo ambas cidades portuárias de um país europeu, periférico, mas com um vasto império colonial, a prevenção e a aplicação de medidas de combate às epidemias, foram, e continuam a ser, fundamentais na gestão, muitas vezes precária, das crises sanitárias. Não temos dúvidas que as reflexões que estes dois casos de estudo nos proporcionam podem ser facilmente recuperadas e readaptadas para a análise da pandemia global da COVID-19. Podemos usar a investigação histórica sobre a forma como temos lidado, enquanto sociedade, com as epidemias e pandemias para melhor atravessarmos os actuais momentos de incerteza e de espanto e definirmos acções futuras que sejam eficazes na alteração das condições que levaram a, em pleno século XXI, parar o mundo. Se é, naturalmente, impossível prever datas e contornos exactos da ocorrência das próximas epidemias, é possível criar as condições locais, nacionais e globais, tanto ao nível ambiental e social, como institucional e político para que lhes possamos responder com muito maior eficácia. Mais que reagir, teremos que ser capazes de antecipar.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maria Paula Diogo, Universidade Nova de Lisboa

    Professora Catedrática de História da Tecnologia, NOVA School of Science and Technology, Lisboa, Portugal; investigadora, Centro Interuniversitário de História das Ciências e Tecnologia, Lisboa, Portugal. https://orcid.org/0000-0003-1504-9248. E-mail: mpd@fct.unl.pt

  • Ana Simões, Universidade de Lisboa

    Professora Catedrática de História das Ciências, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal; investigadora, Centro Interuniversitário de História das Ciências e Tecnologia, Lisboa, Portugal. https://orcid.org/0000-0001-9737-5869. E-mail: aisimoes@fc.ul.pt

Referências

Horrox, R, organizador. The Black Death. Manchester: Manchester University Press; 1994.

Le Goff J. As doenças têm história. Lisboa: Terramar; 1997.

Snowden Frank M. Pandemias e sociedade. Da peste negra ao presente. Lisboa: Edições 70; 2020.

Alchon SA. A Pest in the Land: New World Epidemics in a Global Perspective. Albuquerque (USA): University of New Mexico Press; 2003.

Spreeuwenberg P, Kroneman M, Paget J. Reassessing the Global Mortality Burden of the 1918 Influenza Pandemic. American Journal of Epidemiology. 2018;187(12):2561–2567.

Almeida MAP de. Saúde Pública e Higiene na Imprensa diária em anos e Epidemias, 1854-1918. Lisboa: Colibri/CIUHCT; 2013.

Pontes D. O cerco da peste no Porto. Cidade, imprensa e saúde pública na crise sanitária de 1899 [Dissertação]. Porto: Faculdade de Letras, Universidade do Porto; 2012.

Dierig S, Lachmund J, Mendelsohn J A, organizadores. Science and the City. Chicago: Chicago University Press; 2003. (Osiris, vol. 18)

Mumford L. The Culture of Cities. Eugene, OR: Harvest Books; 1970.

Simões A. From Capital City to Scientific Capital: Science, Technology, and Medicine in Lisbon as Seen through the Press, 1900–1910. In: Nieto-Galan A, Hochadel O, organizadores. Urban Histories of Science: Making Knowledge in the City 1820-1940. London: Routledge; 2019. p.141-163.

Simões A, Diogo MP, organizadores. Science, Technology and Medicine in the making of Lisbon (1840-1940). Leiden: Brill; no prelo 2021-22.

Suay-Matallana I. The customs laboratory of Lisbon (1880s-1930s): Chemistry, economy and scientific spaces. In: Simões A, Diogo MP, organizadores. Science, Technology and Medicine in the making of Lisbon (1840-1940). Leiden: Brill; no prelo 2021-22.

Miralles-Buil C. Lisbon after quarantines: An urban protection against international diseases. In: Simões A, Diogo MP, organizadores. Science, Technology and Medicine in the making of Lisbon (1840-1940). Leiden: Brill; no prelo 2021-22.

Nunes JCA. The new Lisbon Lazaretto (1860-1908). Trapped voices on the other side of the river Tagus. In: Simões A, Diogo MP, organizadores. Science, Technology and Medicine in the making of Lisbon (1840-1940). Leiden: Brill; no prelo 2021-22.

França JA. Lisboa: Urbanismo e Arquitectura. Lisboa: Livros Horizonte; 2005.

Pereira MH. Demografia e desenvolvimento em Portugal na segunda metade do século XIX. Lisboa: Associação Industrial Portuguesa; 1963.

Rodrigues T. Nascer e Morrer na Lisboa Oitocentista. Migrações, mortalidade e desenvolvimento. Lisboa: Edições Cosmos; 1995.

Vieira C. As habitações operárias em Lisboa, na segunda metade do século dezenove. Cadernos do Arquivo Municipal (de Lisboa). Junho 2020;2(13).

Diogo MP, Simões A. Working-class neighborhoods in Lisbon. Republican hygienist policies, circulation of workers and capital. In: Simões A, Diogo MP, organizadores. Science, Technology and Medicine in the making of Lisbon (1840-1940). Leiden: Brill; no prelo 2021-22.

Depietri Y, McPhearson T. Integrating the Grey, Green, and Blue in Cities: Nature-Based Solutions for Climate Change Adaptation and Risk Reduction. In: Kabisch N, Korn H, Stadler J, Bonn A, organizadores. Theory and Practice of Urban Sustainability Transitions. Springer; 2017. p. 91-109.

Jorge R. Hygiene Social Applicada à Nação Portugueza: Conferencias feitas no Porto pelo Professor Ricardo Jorge. Porto: Livraria Civilização; 1885.

Almeida F de. Lisboa Monumental I. Ilustração Portuguesa. 1906;(36):396-405.

Almeida F de. Lisboa Monumental II. Ilustração Portuguesa. 1906;(39):497-509.

Matos JMM de. Lisboa no anno 2000 I: O Porto de Lisboa. Ilustração Portuguesa. 1906;(5):129-133.

Matos JMM de. Lisboa no anno 2000 II: Os cais de Alcântara e os armazéns de Lisboa. Ilustração Portuguesa. 1906;(6):188-192.

Matos JMM de. Lisboa no anno 2000 III: A estação de Lisboa-Mar. Ilustração Portuguesa. 1906;(7):220-223.

Matos JMM de. Lisboa no anno 2000 IV: O tunel para a outra banda. Ilustração Portuguesa. 1906;(8):249-252.

O Comércio do Porto. 15 ago.1899; p. 1-2.

Diário de Notícias. 18 ago.1899; p.1.

Manifesto – Aos Cidadãos Portuenses. A Pátria (264). 20 nov. 1899; p. 2.

O Comércio do Porto. 24 ago. 1899; p.1-2.

Diário de Notícias. 30 set. 1899; p.1.

Pirenne H. Les villes du Moyen Âge, essai d’histoire économique et sociale. Bruxelles: Lamertin; 1927.

Downloads

Publicado

24-06-2021

Edição

Seção

ARTIGOS: PERSPECTIVA HISTÓRICA

Como Citar

1.
Epidemias e os avisos surdos da história . Cad. Ibero Am. Direito Sanit. [Internet]. 24º de junho de 2021 [citado 29º de março de 2024];10(2):31-5. Disponível em: https://www.cadernos.prodisa.fiocruz.br/index.php/cadernos/article/view/778